Displasia Óssea (Displasia Cemento-óssea)
A Displasia Óssea (DO) possui muita similaridade com outras lesões fibro-ósseas, como o Fibroma ossificante por exemplo. Essas lesões são caracterizadas pela substituição do tecido ósseo normal por tecido conjuntivo fibroso. Alguns pesquisadores acreditam que a lesão tenha origem a partir do ligamento periodontal, já outros, que a origem tenha relação com um defeito na remodelação óssea extraligamentar.
Com base nas características clíncas e radiográficas podemos dividir as displasias em 3 tipos:
- Focal
- Periapical
- Florida
Displasia Óssea Focal
A DO focal radiograficamente se assemelha bastante a um fibroma ossificante, fato que fez com muitas lesões no passado fosse diagnosticadas de forma errada. A lesão é assintomática, normalmente descoberta em radiografias de rotina, sendo mais comum em região posterior da mandíbula. Diferente dos outros tipos de DO, essa possui predileção para indivíduos da cor branca. Os indivíduos entre a terceira e sexta décadas de vida são mais afetados.
Quanto as características radiográficas, essas lesões podem se apresentar como imagens totalmente radiolúcidas, mistas ou totalmente radiopacas circundadas por um halo radiolúcido. Lesões iniciais costumam se apresentar radiolucidas, já nas lesões mais maduras, temos um maior componente radiopaco.
Imagem mista localizada na região de raiz mesial
do elemento 46
Disponível em: http://www.jcda.ca/article/b70 |
Displasia Óssea Periapical
A Displasia Óssea periapical normalmente acomete a região anterior da mandíbula. Possui uma grande predileção por mulheres (podendo chegar a 14:1) sendo a maioria de cor negra. Geralmente acomete indivíduos entre 30 a 50 anos de idade. Radiograficamente as lesões se iniciam como imagens radiolúcidas bem delimitadas associadas a raiz de um dente (geralmente vital), como o passar do tempo, essas lesões tornam-se radiopacas circundadas por um halo radiolúcido. Normalmente lesões adjacentes tendem a se fundir, formando um padrão linear de radiolucência envolvendo os ápices dos elementos dentários.
Lesão mista em região periapical dos
dentes ântero-inferiores
Disponível em: http://patologiabucal-fob.blogspot.com.br/ |
Observar a fusão de lesões
adjacentes
Disponível em: http://kcbelmont.blogspot.com.br/ |
Displasia Óssea Florida
A Displasia óssea florida é multifocal, podendo acometer tanto a região posterior quanto a anterior dos osso gnáticos. Possui predileção pelo sexo feminino (novamente em mulheres negras). Na grande maioria das vezes a lesão se apresenta assintomática, só sendo descoberta em radiografias de rotina, mas, pode estar associada a dor leve e a exposição de um material mineralizado avascular e amarelado na cavidade oral, raramente ocorre expansão óssea.
Radiograficamente as lesões se apresentam em 3 estágios (radiolúcidas, mistas e radiopacas). Tanto áreas edêntulas quanto dentadas podem ser afetadas.
Lesões mistas e radiopacas com envolvimento multifocal
Disponível em: http://www.ident.com.br/DraGabrielaAlves/ |
Características Histopatológicas
Quanto sua histopatologia, as 3 formas de DO são semelhantes, ambas são caracterizadas pela presença de material mineralizado (trabéculas de osso imaturo, lamelar e material semelhante a cemento) imersos em um tecido conjuntivo fibroso contendo numerosas células fusiformes, fibras colágenas e vasos sanguíneos. A medida que a lesão amadurece o componente mineralizado tende a crescer, as trabéculas ósseas se fundem formando massas de tecido cemento-ósseo. Em alguns casos podemos observar que a lesão se funde ao osso sadio adjacente.
Tratamento
Normalmente a lesão não necessita de tratamento, mas, o paciente deve ser acompanhando e orientado a manter uma excelente higiene oral, pois essas lesões são hipovasculares e possuem tendência a necrose. As lesões sintomáticas, onde massas escleróticas de cemento são visíveis na cavidade oral o tratamento é feito com antibiótico e remoção do material mineralizado, além disso, o paciente deve ser aconselhado a manter uma correta higiene oral, pelo motivo já dito acima.
Referências
Tecido fibro-ósseo contendo componentes mineralizados
e tecido conjuntivo fibroso com numerosos fibroblastos.
Notar áreas de hemorragia próximas as trabéculas ósseas
Disponível em: http://biomedicaloptics.spiedigitallibrary.org/ |
Trabéculas ósseas e esférulas de material cementóide imersos
em tecido conjuntivo fibroso
Disponível em: http://www.jomfp.in/ |
Tratamento
Normalmente a lesão não necessita de tratamento, mas, o paciente deve ser acompanhando e orientado a manter uma excelente higiene oral, pois essas lesões são hipovasculares e possuem tendência a necrose. As lesões sintomáticas, onde massas escleróticas de cemento são visíveis na cavidade oral o tratamento é feito com antibiótico e remoção do material mineralizado, além disso, o paciente deve ser aconselhado a manter uma correta higiene oral, pelo motivo já dito acima.
Referências
NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, p. 972, 2009.
WOO, S.B. Atlas de patologia oral. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 456 p.
Mais imagens
Mais imagens
DO - Periapical
Disponível em: http://www.cram.com/ |
DO - Periapical
Disponível em: http://dentistryandmedicine.blogspot.com.br/ |
DO - Florida
Disponível em: http://www.orlandendo.com/ |
DO - Florida
Disponível em: http://www.aichi-gakuin.ac.jp/ |
Muito bom este blog, irei utilizar todo o material daqui para estudos.
ResponderExcluirOi Td bem, no caso que a paciente apresenta o quadro displasia óssea periapical e o paciente está sintomático,
ResponderExcluirFizemos as endos da região e continua com inchaço
O que devo fazer?
Olá, td bem sim!
ExcluirEntão, não é comum a displasia óssea periapical apresentar sintomas, seria legal você realizar uma biópsia (ou encaminhar para isso) pois existem outras lesões (císticas ou tumorais) que podem mimetizar uma DOP.
Obrigado pelo Feedback!
Abraço!
Paciente do sexo masculino, 45 anos apresentou-se a clínica de odontologia queixando-se de dor no dente. A anamnese não revelou outras alterações significantes. Entretanto, durante o exame clínico observou-se que o paciente apresentava Linfadenopatia Submandibular do lado do dente 15 que se apresentava destruído por cárie. Notou-se no exame intrabucal, que no fundo do vestíbulo correspondente ao referido dente, havia um aumento volumétrico significativo. Também observou-se no exame radiográfico lesões ósseas radiolúcidas na maxila e na mandíbula multifocal. O hemograma completo mostrou alterações do PTH e a glicemia estavam dentro da normalidade. Baseado no caso clinico apresentado, responda:
ResponderExcluir1-Qual o Diagnóstico da lesão localizada no fundo do vestíbulo?
2-Qual o Diagnóstico das lesões radiolúcidas, considerando-se as alterações do exame ou sangue?
3-Qual a conduta Local do Cirurgião Dentista frente ao caso clínico?
4-Em caso de encaminhamento, para qual médico o paciente deverá ser encaminhado?
5-Qual seria o momento ideal para fazer esse encaminhamento (antes de intervir ou após)?