terça-feira, 14 de junho de 2016

Fármacos utilizados na Estomatologia (I) - Antimicrobianos

Fármacos utilizados na Estomatologia (I) - Antimicrobianos


     Os antimicrobianos são agentes bastante utilizados na prática odontológica, visto que, frequentemente estamos expostos a casos de infecções, ou os utilizamos até mesmo para prevenção das mesmas. Os antimicrobianos começaram a ser utilizados por volta da década de 1940, e a partir de então, passaram a revolucionar o campo da medicina em relação as infecções causadas por microrganismos, que na época, apresentavam altos índices de mortalidade. 
     Infelizmente, o uso indevido desses medicamentos tem permitido uma maior quantidade de microrganismos resistentes, sendo este, um dos maiores problemas de saúde pública mundial atualmente.
     Existem muitos antimicrobianos utilizados na odontologia, dentre eles, os mais prescritos pelos cirurgiões-dentistas são os pertencentes ao grupo das penicilinas.


Considerações Gerais


     De maneira geral, os antimicrobianos são prescritos na odontologia por dois motivos principais: Controle de infecções (principalmente de origem dentária) e como agente profilático para pacientes com endocardite ou com alguma condição imunossupressora. O uso dessas medicações para doenças infecciosas sistêmicas, devem sempre ser acompanhadas pelo médico infectologista responsável pelo paciente.
     Na odontologia, a via mais utilizada é a oral, em casos de infecções mais agressivas, outras vias, como a endovenosa ou intramuscular podem ser utilizadas. Os agentes antimicrobianos mais utilizados na odontologia são: amoxicicilina, cefalexina, eritromicina, claritromicina, azitromicina, clindamicina, metronidazol e algumas tetraciclinas.






Penicilinas


    As penicilinas, assim como as cefalosporinas, pertencem ao grupo dos betalactâmicos, pois apresentam um anel aromático de mesmo nome em sua estrutura química. Podem ser classificadas em naturais ou semissintéticas. As penicilinas são bactericidas, ou seja, apresentam capacidade de destruir as bactérias. Seu mecanismo de ação se dá a partir da alteração da integridade da parede celular, fazendo com que as bactérias passem a ser sensíveis ao meio em que estão colonizando. São medicamentos bastante seguros e apresentam um amplo espectro. Representam a maior parte dos antimicrobianos vendidos.
     Desse grupo de antimicrobianos, a amoxicilina é o medicamento mais utilizado na odontologia atual. 


  • Amoxicilina (Amoxil®, Novocilin®)
- P.U (prescrição usual) - 500mg de 8/8 horas ou 875mg de 12/12 horas (7 dias)
- São contra indicadas em casos de pacientes com histórico de alergia à cefalosporinas ou outros betalactâmicos.
- Bem absorvida no TGI (trato gastrointestinal)
- Agente profilático: P.U - 2g uma hora antes do procedimento

  • Ampicilina (Binotal®)   
- P.U - 500mg de 6/6 horas (7 dias)
- Indicado a ingestão do medicamento uma hora antes das refeições, pois a presença do alimento no TGI pode dificultar a absorção da ampicilina.

  • Amoxicilina + Clavulanato de Potássio (Clavulin®, Novamox 2x®)
- P.U - 500mg de 8/8 horas ou 875mg de 12/12 horas (7 dias)
- O Clavulanato de potássio age inativando as betalactamases (enzimas bacterianas capazes de inativar os antibióticos betalactâmicos). Aumentando a eficiência e o espectro da amoxicilina.


Cefalosporinas


     São antibióticos do grupo dos betalactâmicos, apresentam mecanismo de ação semelhante aos medicamentos do grupo das penicilinas, agindo assim, na parede celular da bactéria. São antimicrobianos bactericidas e apresentam espectro de ação maior que as penicilinas. As Cefalosporinas são classificadas em 4 gerações indicando a ordem em que foram produzidas e também o aumento no espectro de ação.


  • Cefalexina (Kerflex®)
- P.U - 500mg de 8/8 horas ou de 6/6 horas (7 dias)
- A cefalexina pertence ao grupo das cefalosporinas da primeira geração.


  • Cefaclor (Ceclor® BD)
- P.U - 500mg de 24/24 Horas ou 12/12 horas (10 dias)
- Pertence ao grupo da segunda geração, apresentando um maior espectro de ação se comparado a cefalexina.


Macrolídeos


     Os macrolídeos são um grupo de antimicrobianos bastante conhecidos na prática médica, são drogas bacteriostáticas, ou seja, inibem ou impedem o crescimento bacteriano. Seu mecanismo de ação envolve o bloqueio da tradução genética nas bactérias, dificultando assim, a sínteses de algumas proteínas importantes. Apresentam espectro de ação similar ao das penicilinas. Pertencem a esse grupo a Eritromicina, claritromicina e a azitromicina.


  • Eritromicina  (Ilosone®, Eritrex®)
- P.U - 250mg de 6/6 horas (7 dias)
- 500mg de 8/8 horas (7 dias)
- Não é a droga de primeira escolha na odontologia, bastante utilizada em pacientes com alergia aos antibióticos betalactâmicos (penicilinas e cefalosporinas)

  • Azitromicina (Azi®, Zitromax®)
- P.U - 500mg de 24/24 horas (3 dias)
- Apresenta tempo de meia-vida longo

- Alternativa em pacientes alérgicos as penicilinas

  • Claritromicina (Klaricid®)
- P.U - 250mg de 12/12 horas (7 dias)
- Longo tempo de meia-vida, embora menor se comparado à Azitromicina
- Também (na odontologia) em pacientes com alérgicos aos betalactâmicos.


Lincosaminas

     A clindamicina é o antimicrobiano dessa classe mais utilizado na odontologia, apresenta mecanismo de ação semelhante ao dos Macrolídeos, afetando a síntese de proteínas importantes para a bactéria. Também são bacteriostáticos.


  • Clindamicina
- P.U - 300mg de 8/8 horas (7 dias)
- Profilaxia em pacientes alérgicos à Penicilina - 600mg uma hora antes do procedimento
- Utilizada como segunda opção (Primeiro sempre as penicilinas)



Diferentes mecanismos de ação dos antimicrobianos



Antibioticoterapia e Estomatologia

     Muitas doenças infecciosas apresentam repercussão em cavidade oral, dentre elas, podemos citar a sífilis, tuberculose, febre escarlate, actinomicose, etc. Muitas dessas doenças apresentam sintomatologia sistêmica, por isso, além de um boa anamnese e de um bom exame clínico, é necessário uma associação com o médico responsável pelo paciente. Assim, os profissionais podem entrar num consenso para estabelecer a droga mais adequada para o tratamento sistêmico daquele paciente.





Referências


DE ANDRADE, Eduardo Dias. Terapêutica medicamentosa em odontologia. Artes Médicas Editora, 2014.

GUIMARÃES, Denise Oliveira et al. Antibióticos: importância terapêutica e perspectivas para a descoberta e desenvolvimento de novos agentes. Quim. Nova, v. 33, n. 3, p. 667-679, 2010.

OLIVEIRA, Isabelle Lins Macêdo de et al. Antimicrobianos de uso odontológico: informação para uma boa prática. Odontologia Clínico-Científica (Online), v. 10, n. 3, p. 217-220, 2011.

PEDROSO, Rafael Oswaldo. ANTIBIOTICOTERAPIA EM ODONTOLOGIA. Monografia [Graduação], Faculdade de Pindamonhangaba. 2013.







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