A Sialometaplasia Necrosante (ou necrotizante), SN, é uma desordem inflamatória incomum de glândulas salivares menores. A SN foi descrita pela primeira vez em 1973 por Abrans et al.
Essa doença ainda não apresenta etiologia conhecida, embora alguns autores relacionem o acometimento e necrose das glândulas salivares menores a eventos que possam provocar isquemia como o trauma local, anestesias locais, tabagismo, álcool, alterações gástricas, infecções e até mesmo neoplasias.
A isquemia provocada pelos anestésicos locais tem sido vista como uma das principais causas da SN, devido ao uso de princípios como a adrenalina e noradrenalina, utilizadas como meios para promover uma vasoconstrição, isso, aliado a anatomia "bastante aderida ao osso" do palato duro contribuem para indução da isquemia dos vasos da região, redução de suprimentos e consequentemente, morte das glândulas salivares menores. Apesar dessa hipótese etiológica, muitos pacientes com a doença negam histórico de realização de manobras cirúrgicas associadas a anestésicos.
A isquemia provocada pelos anestésicos locais tem sido vista como uma das principais causas da SN, devido ao uso de princípios como a adrenalina e noradrenalina, utilizadas como meios para promover uma vasoconstrição, isso, aliado a anatomia "bastante aderida ao osso" do palato duro contribuem para indução da isquemia dos vasos da região, redução de suprimentos e consequentemente, morte das glândulas salivares menores. Apesar dessa hipótese etiológica, muitos pacientes com a doença negam histórico de realização de manobras cirúrgicas associadas a anestésicos.
A maior importância da SN para a área para o diagnóstico é, sem dúvidas, sua apresentação clínica, pois essa condição pode mimetizar outras patologias, principalmente neoplasias malignas como o carcinoma mucoepidermóide, carcinoma adenoide cístico e o de células escamosas. Em estudos mais recentes foi percebido que a SN é mais prevalente em pacientes do gênero masculino, com idade média de 46 anos de idade.
Características Clínicas
Inicialmente, a Sialometaplasia Necrosante apresenta-se como um aumento de volume dolorido e de crescimento rápido em palato duro (maior parte dos casos). Após isso, forma-se uma área de úlcera central, medindo entre 1 a 5cm de diâmetro, normalmente indolor, e de cicatrização bastante lenta, com cerca de 3 a 12 semanas de duração.
Essa lesão frequentemente é unilateral, embora em alguns casos possa ser bilaterial ou estar localizada em linha média. A destruição do osso adjacente é rara e são bem mais evidenciadas em exames como tomografia computadorizada e ressonância magnética.
Doenças neoplásicas, infecciosas e sistêmicas com predileção pelo palato normalmente apresentam características clínicas bastante semelhantes, por isso são importantes diagnósticos diferenciais da SN. Dentre elas, podemos citar o carcinoma de células escamosas, carcinoma mucoepidermoide, carcinoma adenoide cístico, linfoma de células NK/T, sífilis terciária, histoplasmose e granulomatose de Wegener.
Sialometaplasia necrosante em estágio inicial - Aumento de volume eritematoso
em palato duro.
Neville et al, 2009 |
Lesão ulcerada profunda em palato duro
Regezi et al, 2013 |
Observar área necrótica no interior da lesão
Disponível em: https://www.flickr.com/photos/filbyfilms/6255183918 |
Sialometaplasia Necrosante - Ulceração extensa
Disponível em: http://www.wikidoc.org/index.php/Salivary_gland_enlargement |
Lesão de grande proporção acometendo palato duro e mole
Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2212440312002271 |
Características Histopatológicas
A SN, microscopicamente, é caracterizada pela presença de glândulas salivares necróticas, e, algumas dessas, apresentando metaplasia escamosa. Um fator importante, que permite diferenciar essa patologia de outras (principalmente malignas), é o fato de que a arquitetura lobular das glândulas permanece preservada. Em alguns casos, geralmente no início da lesão, áreas de extravasamento de mucina podem ser encontradas, ocorrendo devido a inflamação local. A superfície pode apresentar "hiperplasia pseudoepiteliomatosa". Pleomorfismo celular ou qualquer característica de atipia raramente são visualizados.
O diagnóstico diferencial histológico é feito com o carcinoma mucoepidermóide, carcinoma de células escamosas e a sialadenite necrosante aguda (onde é observada necrose das glândulas salivares, contudo, não há melaplasia escamosa).
SN - Imagem de maior aumento evidenciando metaplasia escamosa
O diagnóstico diferencial histológico é feito com o carcinoma mucoepidermóide, carcinoma de células escamosas e a sialadenite necrosante aguda (onde é observada necrose das glândulas salivares, contudo, não há melaplasia escamosa).
SN - Imagem microscópica em maior aumento evidenciado tecido glândular
pálido e necrótico.
Disponível em: http://www.tmd.ac.jp/dent/opat/sakamoto.files/nsmhome.htm |
de algumas glândulas salivares
Disponível em: http://www.tmd.ac.jp/dent/opat/sakamoto.files/nsmhome.htm |
Tecido epitelial exibindo hiperplasia "pseudoepiteliomatosa" e metaplasia
escamosa das glândulas salivares
Disponível em: http://www.archivesofpathology.org/doi/abs/10.1043/1543-2165-133.5.692 |
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico da sialometaplasia necrosante é realizado com a associação das características clínicas e histopatológicas. Essas lesões, muitas vezes, apresentam-se idênticas a um carcinoma mucoepidermoide ou outras malignidades, por isso, deve ser sempre biopsiada, mesmo nos casos que o paciente relate histórico sugestivo de SN. O patologista também deve estar atento, pois a doença pode mimetizar outras também a nível microscópico.
A SN é uma patologia autolimitada e desaparece espontaneamente entre 3 e 12 semanas, alguns medicamentos de suporte podem ser prescritos para alívio da sintomatologia do paciente.
Referências
CARLSON, Diane L. Necrotizing sialometaplasia: a practical approach to the diagnosis. Archives of pathology & laboratory medicine, v. 133, n. 5, p. 692-698, 2009.
JOSHI, Samir A. et al. Necrotizing sialometaplasia: A diagnostic dilemma!.Journal of oral and maxillofacial pathology: JOMFP, v. 18, n. 3, p. 420, 2014.
KAPLAN, Ilana et al. The clinical, histologic, and treatment spectrum in necrotizing sialometaplasia. Oral surgery, oral medicine, oral pathology and oral radiology, v. 114, n. 5, p. 577-585, 2012.
LEE, Dong Jin et al. Necrotizing sialometaplasia accompanied by adenoid cystic carcinoma on the soft palate. Clinical and experimental otorhinolaryngology, v. 2, n. 1, p. 48-51, 2009.
NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, 972p.
REGEZI, J.A; SCIUBA, J.J; JORDAN R.C.K. Patologia Oral: Correlações Clinicopatológicas. 6ª edição. Elsevier, 2013.
WOO, S. B. Atlas de patologia oral. 1. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2013.
O diagnóstico da sialometaplasia necrosante é realizado com a associação das características clínicas e histopatológicas. Essas lesões, muitas vezes, apresentam-se idênticas a um carcinoma mucoepidermoide ou outras malignidades, por isso, deve ser sempre biopsiada, mesmo nos casos que o paciente relate histórico sugestivo de SN. O patologista também deve estar atento, pois a doença pode mimetizar outras também a nível microscópico.
A SN é uma patologia autolimitada e desaparece espontaneamente entre 3 e 12 semanas, alguns medicamentos de suporte podem ser prescritos para alívio da sintomatologia do paciente.
Referências
CARLSON, Diane L. Necrotizing sialometaplasia: a practical approach to the diagnosis. Archives of pathology & laboratory medicine, v. 133, n. 5, p. 692-698, 2009.
JOSHI, Samir A. et al. Necrotizing sialometaplasia: A diagnostic dilemma!.Journal of oral and maxillofacial pathology: JOMFP, v. 18, n. 3, p. 420, 2014.
KAPLAN, Ilana et al. The clinical, histologic, and treatment spectrum in necrotizing sialometaplasia. Oral surgery, oral medicine, oral pathology and oral radiology, v. 114, n. 5, p. 577-585, 2012.
LEE, Dong Jin et al. Necrotizing sialometaplasia accompanied by adenoid cystic carcinoma on the soft palate. Clinical and experimental otorhinolaryngology, v. 2, n. 1, p. 48-51, 2009.
NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, 972p.
REGEZI, J.A; SCIUBA, J.J; JORDAN R.C.K. Patologia Oral: Correlações Clinicopatológicas. 6ª edição. Elsevier, 2013.
WOO, S. B. Atlas de patologia oral. 1. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2013.
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